fbpx

A comunidade LGBTQIAP+ e a cultura pop da destruição

A comunidade LGBTQA+ é de certa forma responsável por alavancar muitos dos grandes nomes que envolvem o universo cultural. Há quem diga que todos têm no mínimo uma diva pop preferida. Aquela que vai ser defendida com unhas e dentes, não importa qual seja o contexto ou argumento. Mas justamente nessa linha tênue do que parece apenas uma preferência, é onde moram grandes problemas invisíveis.

Anitta atingiu o primeiro lugar de música mais ouvida no mundo com “Envolver” nas últimas semanas. O single lançado originalmente em 2011 subiu de forma recorde os rankings ao redor do planeta e consagrou a cantora a mais um título impressionante. Na última sexta-feira, ela também entregou um show impecável em um dos maiores festivais existentes. Mas isso nunca impediu e continua a não impedir, um hate que vai de críticas à aparência da cantora, descendo a ofensas inacreditáveis vindas de todos os lados. Incluindo mulheres e muitos dos membros da nossa comunidade, de onde inocentemente sempre se espera um pouco mais de empatia e sororidade.

Britney Spears passou por fases extremamente delicadas ao longo da sua carreira, e recentemente, conseguiu se libertar de uma tutela abusiva que deteriorava sua vida e jornada como uma gigante do pop. Todos nós acompanhamos os altos e baixos entre surtos e instabilidades que provém de um mercado exigente, cruel e exaustivo, mas não o bastante, também fruto de uma relação pouco refletida por parte de admiradores e não simpatizantes da performer. Quando não criticada por seus playbacks, Britney nunca foi colocada no centro como o ser humano que existe por detrás da artista. Mesmo na época de Blackout, pouco se falava do visível estado entorpecido da cantora no palco, e mais se cobrava por performances, divulgação e entretenimento para um público insaciável que só quer ter seus desejos atendidos. Custe o que custar.

Dois exemplos escolhidos pelos recentes acontecimentos e por se tratar de grandes ícones para a comunidade, a fim de evidenciar um só questionamento: até onde também existe responsabilidade de cada um de nós no adoecimento de quem a gente escolhe para admirar, mas cobra e crítica sem nenhuma moderação? São necessárias todas as brigas e comparações propostas diariamente em uma chuva de ofensas na internet? Você já parou para pensar no que diz sobre as pessoas no covarde abrigo do anonimato? Já se questionou sobre sua relação com o consumo da cultura e como isso colabora com o que você diz abominar ou crítica nos ditos algozes?

Pois é! O mundo lá fora é cruel demais com qualquer um que decide chegar ao topo. Quando se trata de uma mulher ou um de nós é ainda pior. Pabllo Vittar é outra prova viva de que não importa o quão se prove talento e entregue qualidade, haverá sempre ressalvas que se disfarçam na LGBTfobia ou em outros preconceitos para desvalidar o trabalho de alguém. A expulsão de Lina também é uma dessas grandes desgraças anunciadas, que a gente viu passar em branco, e arrisco dizer que com uma manifestação minguada, para uma ferida que dói em muita gente, mas provavelmente passou longe das prioridades de muitos que moram nas outras letras da nossa sigla que não a T.

O post de hoje não tem fins resolutivos ou certezas concretas sobre nada. São recortes sobre uma miscelânea de questões que passam pelo mesmo lugar: nossa responsabilidade individual sobre o que alimentamos e reforçamos todos os dias. Um grão de areia pode parecer pouco, mas milhares deles formam uma enorme tempestade, às vezes capaz de destruir uma vida inteira. Somos muitos, mas poucos quando resolvemos tratar as pessoas e questões visando objetivos que só alimentam nossas próprias necessidades. Um sentimento vazio que dura quase nada, mas deixa marcas de longa duração em muita gente pelo caminho das nossas escolhas. Será que não é hora de usarmos nosso tempo, força e possibilidades para tornar o que tanto apontamos nos outros e nas situações, algo melhor em nós mesmos? 

Compartilhe :)

error: Conteúdo Protegido