Av. Paulista é “Gay Friendly”

Sou nascida e vivida na cidade de São Paulo, uma capital conhecida por ter “todo tipo de gente”. Li relatos na internet (se tá na internet é vdd) e ouvi histórias de amigos que moram em cidades pequenas, reclamando que nelas é mais difícil ser queer, pois só pintar o cabelo de vermelho já chama atenção suficiente para sofrer de pré julgamentos negativos (sim, pintar o cabelo é ritual queer kkkk). E de fato, nos bairros aqui de SP onde o comércio e os restaurantes são voltados aos jovens, é normal cada um ter o cabelo de uma cor. Mas dizer que SP é Queer Friendly, ou ainda, que a Avenida Paulista é Queer Friendly, é passar pano pra discriminação. Sim, posso me sentir menos assassinável como queer passeando na tal avenida, do que num bairro cheio de bolsominion por exemplo. Mas um lugar onde você ACHA que não vai ser morta não pode ser chamado de Queer Friendly. Poha isso é o mínimo. Quando eu (mulher) tive um date com uma outra mulher na Rua Augusta (a travessa “mais queer” da Av Paulista) eu não podia beijá-la sem um bando de macho escroto rodear a gente e bater palma. Não era de noite, não estavamos semi nuas, não estávamos nos agarrando como se não houvesse amanhã, não estávamos em uma balada, não eram homens bêbados (nada disso nem justificaria, mas como mulher queer eu tenho o péssimo hábito de metralhar fatos contra justificativas do injustificável). Não existe lugar Queer Friendly no país que mais mata trans, e os barzinhos que se denominam assim só querem nosso pink money. É isso que eu queria contar, foi mal que não foi um conto de aventura. Foi só uma reclamação mesmo.

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