Jovanna Baby é o grande nome entre as travestis que, na virada dos anos 1980 para 90, conseguiram se mobilizar para fundar, em 1992, a Associação de Travestis e Liberados (Astral).
Nascida em Mucuri (BA), Jovanna relata que com 13 anos já morava na rua e se prostituía em Vitória (ES). No final dos anos 1970, ajudou a fundar a Associação das Damas da Noite do Espírito Santo, na capital capixaba, cujo principal objetivo era eliminar a violência sofrida pelas travestis. Depois ela se transferiu para o Rio de Janeiro, onde conheceu a Associação das Prostitutas da Vila Mimosa, na qual se inspirou para criar a Astral.
Jovanna relata que o termo ‘Liberados’ no nome da organização “se deu pelo fato de que à época muitas travestis eram homens de dia, e a noite se montavam para se prostituir. Porém, durante o dia não assumiram a sua identidade feminina. Nós, enquanto líderes, não queríamos deixá-las de fora”.
A Astral atuou contra a crescente onda de violência contra as travestis, mas também com programas de apoio à saúde, de prevenção ao HIV/Aids, de empregabilidade, de direitos humanos.
Em 1993, a Astral realizou o I Encontro Nacional de Travestis e Liberados que Atuam na Prevenção da Aids (ENTLAIDS). O evento mobilizou as lideranças travestis do país inteiro, tornando-se um fórum de debates, de troca de experiências e de planejamento de ações futuras. O amadurecimento das discussões nos encontros subsequentes possibilitou a fundação da Rede Nacional de Travestis e Liberados (Rentral) em 1997. Esse nome se manteve até 2000, quando, em um encontro realizado em Porto Alegre, adotou-se o nome que se mantém até hoje – Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra).
Atualmente, Jovanna mora no interior do Piauí, na cidade de Picos, onde ajudou a estruturar serviços de assistência social e foi a Coordenadora Municipal de Direitos Humanos.
