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Grupo 3º ATO

Com a constituição do Somos – Grupo de Afirmação Homossexual, em São Paulo, em 1978, e de outros grupos em São Paulo, Rio e Brasília, algumas pessoas de Belo Horizonte se sentiram estimuladas a fundar uma organização civil de homossexuais na cidade. Ao que parece, elas iniciaram alguns contatos com o Somos e outros grupos, sobretudo o Beijo Livre, de Brasília. Duas pessoas da capital mineira, não nomeadas, participaram do I Encontro Brasileiro de Homossexuais (EBHO) e do I Encontro de Grupos Homossexuais Organizados (EGHO), realizados em São Paulo, entre 4 e 6 de abril de 1980 – como mencionado em reportagem da edição de maio de 1980 do jornal Lampião da Esquina.

No retorno a Belo Horizonte, aqueles dois participantes do EBHO mobilizaram outras pessoas. Assim, em 12 de abril de 1980, um grupo de sete gays e três lésbicas fundou o 3º ATO. A edição de junho de 1980 do Lampião da Esquina publicou na seção ‘Cartas na mesa’ o comunicado enviado pelo 3º ATO informando sobre sua fundação.

Por meio de cartas trocadas entre membros do grupo e os fundadores do Beijo Livre, bem como pela entrevista que fiz com dois remanescentes do grupo, foi possível obter algumas informações mais centrais. Em sua carta de princípios, é esclarecido que “o 3º ATO é um ato próprio que questiona cada um, o todo e os próprios atos, na luta pela liberdade de opção (não só sexual)”. O grupo não chegou a se institucionalizar legalmente e não tinha sede. Por isso, reuniam-se nas tardes de domingo no Parque Municipal para deliberar sobre suas ações e atividades. O local dessas reuniões era no pequeno teatro de arena próximo à sede administrativa do Parque, no seu lado sudoeste. Ou seja, em pleno coração do Paraíso das Maravilhas (território de sociabilidade homossexual revelado em 1946)! E eles não tinham consciência dessa coincidência! A frequência às reuniões era variada pelo fato de ocorrerem no Parque, “o que impede muita gente de ir pois eles não querem ser vistos por conhecidos”.

A forma de captação de pessoas para o grupo era pelo boca a boca e a distribuição de panfletos nos locais de frequência LGBTQIA+ da cidade, mas a adesão sempre se mostrou frustrante: “Todos acham lindo a criação do grupo, mas ninguém aparece nas reuniões.” Ainda em uma carta de 1980 é mencionado um “trabalho prático mais imediato”: “uma pesquisa que vamos realizar aqui em Belô, sobre HOMOSSEXUALISMO e HOMOSSEXUAIS, em especial – buscando material na própria fonte, mas também fora dele”. Não há evidências de que a ação tivesse sido realizada.

O 3º ATO teve continuidade até pelo menos junho de 1981.

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