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Lampião da Esquina

Em abril de 1978, chegava às bancas de jornais do Rio de Janeiro e de São Paulo o número zero do Lampião da Esquina. Fruto de uma iniciativa pujante de um grupo de homossexuais, o jornal se fortaleceu como canal de reivindicação e espaço de manifestação de opinião da população LGBTQIA+ à medida que se tornava uma publicação de alcance nacional, ao mesmo tempo em que os movimentos sociais brasileiros (feminista, negro, indígena) ganhavam lastro e se solidificavam.

O número zero tomou como manchete de primeira página o caso Celso Curi, jornalista paulistano que assinava a Coluna do Meio na edição paulista do jornal Última Hora e estava sendo acusado, pela ala conservadora e reacionária da sociedade, de corromper a moral tradicional. A Coluna do Meio era um espaço dedicado ao tratamento de temas de interesse das pessoas LGBTQIA+ do período, contendo inclusive um correio romântico por onde as pessoas poderiam se conhecer e trocar experiências.

Imagem da primeira edição do jornal Lampião da Esquina.

O Lampião da Esquina circulou entre abril de 1978 e junho de 1981, tendo sido produzidas 38 edições mensais e três edições extras. Inicialmente, o Conselho Editorial do jornal foi composto por Adão Acosta, Aguinaldo Silva, Antônio Chrysóstomo, Clóvis Marques, Darcy Penteado, Francisco Bittencourt, Gasparino Damata, Jean-Claude Bernardet, João Antônio Mascarenhas, João Silvério Trevisan e Peter Fry.

Registro de lançamento do Lampião da Esquina na revista Isto É (19 abr. 1978)

O jornal sofreu perseguição política e da censura em uma época em que a ditadura militar começava a agonizar lentamente. Seus editores foram ameaçados e criminalizados. Algumas bancas de revistas sofreram ameaça de bomba por vendê-lo. Mas a equipe corajosa que dirigiu o jornal se manteve firme e não arredou pé de seus princípios: abordar com seriedade e profundidade temas de interesse da população LGBTQIA+, de diversos campos (política, economia, artes, psicologia, sociologia), sem abrir mão do humor, da fechação e da luta por conquistas de direitos.

Apesar de seu sucesso estrondoso, os problemas financeiros foram se acentuando e estrangulando o jornal, assim como alguns desentendimentos internos com relação à linha editorial a ser tomada pelo jornal.

Quem tiver interesse em conhecer a coleção completa do periódico, pode acessá-lo no site do Centro de Documentação Prof. Dr. Luiz Mott, mantido pelo Grupo Dignidade, de Curitiba (PR): http://www.grupodignidade.org.br/projetos/lampiao-da-esquina/

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