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Rede formada por jornais artesanais

O primeiro jornal de circulação nacional dirigido à população LGTQIA+ foi o Lampião da Esquina, como veremos em um post futuro. Todavia, não devemos desprezar o papel e o valor da chamada ‘imprensa artesanal’ produzida pelo público gay desde o final da década de 1950.

Eram produções caseiras, preparadas com recursos próprios, em geral mimeografadas ou xerocopiadas, de circulação local, dividida em seções – assuntos de interesse da população LGBTQIA+, moda, culinária, fofocas, cinema e literatura. Naturalmente, a periodicidade de circulação dessa imprensa não era rigorosa, dependendo de um grupo mínimo de pessoas que se agregasse em torno do criador do jornal e mantivesse a colaboração de modo efetivo.

Outro caráter importante dessa imprensa artesanal foi o seu surgimento a partir de coletivos de identificação. A referência mais comum neste caso é o O Snob, criado por Agildo Guimarães (com o pseudônimo de Gilka Dantas), que se estendeu de 1961 a 1969.

Primeira página da edição de agosto de 1968 do jornal O Snob.

A história de O Snob é também uma história de construção, ampliação e aprofundamento de redes de convivência, sociabilidade e solidariedade da população LGBTQIA+ no Rio de Janeiro. Além disso, o jornal se tornou instrumento efetivo de debate (ainda que com muito humor) de questões de interesse do nosso público, permitindo enxergar aí um coletivo que se guiava pelo desejo de ocupação de espaços públicos.

Pouco depois de O Snob ter aparecido no Rio, Waldeilton di Paula (que assinava Paulete Godiva) criou o jornal Fatos e Fofocas em Salvador (BA), em 1963. Era talvez um sinal de que uma rede se irradiava…

Primeira página do Jornal do Gay.

Mas vejam a grande relação de jornais artesanais que circularam entre 1959 e 1977: no Rio de Janeiro – O Snob, Le Femme, Subúrbio à noite, Eros, Aliança de Ativistas Homossexuais, La Saison, O Centauro, O VIP, O Grupo, Darling, Gay Press Magazine, 20 de Abril, O Centro, O Galo, Gente Gay, Entender; em Niterói – O Estábulo, Os Felinos, Opinião, O Mito, Le Sophistique; em Salvador – O Gay, Gay Society, O Tiraninho, Fatos e Fofocas, Baby, Zéfiro, Little Darling, Ello; em São Paulo – Mundo Gay.

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