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Duas novas ocorrências em 1972

Em abril de 1972, circularam várias reportagens sobre a iniciativa do padre Henrique Monteiro, da Igreja Batista Ortodoxa Italiana, de promover o “I Congresso de Homossexuais do Nordeste”. O evento seria realizado no dia 9 daquele mês, em Caruaru (PE), e tinha a intenção de reunir homossexuais e prostitutas.

Uma fala atribuída ao padre foi esta: “O I Congresso de Homossexuais do Nordeste visa a definir e conscientizar as ‘bonecas’ de Pernambuco e de outros Estados vizinhos através de pesquisas que serão realizadas durante o encontro”.

A polícia, representada pelo delegado Genivaldo Fonseca, reagiu desta maneira: “Enquanto estiver à frente da Delegacia de Costumes, não permitirei em hipótese alguma a realização de reuniões de anormais, que tentam inverter nossos costumes e degenerar nossas tradições”.

A intenção de realizar o evento mobilizou a imprensa durante todo o mês de abril e foi impedida pela ação da polícia.

Reportagem do Diário da Tarde (6 abr. 1972).

Em Belo Horizonte, durante as noites de 17, 18 e 19 de julho de 1972, o jornalista Edson Nunes realizou o I Simpósio de Debates sobre o Homossexualismo. A intenção foi abordar, de maneira clara e sem preconceitos, sobre o conceito de orientação sexual e as questões vividas pelos homossexuais.

Reportagem do Jornal de Minas (11 jul. 1972).

Edson Nunes programou uma estrutura multidisciplinar para o evento: no primeiro dia, a abordagem pelo campo da psicologia/psiquiatria pelo professor Paulo Saraiva; no segundo dia, o enfoque médico pelo endocrinologista Marcos Fernandino; no terceiro dia, a perspectiva religiosa/espiritual por uma mesa ecumênica: o padre José Vicente de Andrade, o pastor presbiteriano Márcio Moreira e um espírita (o próprio Edson). Foi o primeiro evento dessa natureza na cidade, em um momento em que Edson Nunes saía do armário. O encontro teve um público médio de 40 pessoas por noite e foi realizado nas dependências do Colégio Estadual Central.

O simpósio teve a cobertura da imprensa local e nacional, provocando debates acalorados. No ano seguinte, já morando em São Paulo, Edson Nunes organizou uma edição do simpósio naquela capital.

Reportagem do Jornal de Minas (11 jul. 1972).

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